Esta série de artigos, idealizada para discutir a promoção da saúde no ambiente de trabalho, inclui as principais etapas de implantação e gestão dessa atividade. A série foi dividida em:
1) Por que promover saúde no trabalho?, publicado na Proteção nº 277 (janeiro de 2015);
2) Competências dos promotores de saúde, publicado na Proteção nº 280 (abril de 2015);
3) Como promover saúde no trabalho – estratégias de sucesso, publicado naProteção nº 283 (julho de 2015);
4) Como avaliar programas de promoção da saúde no trabalho (nesta e­dição);
5) Erros mais comuns das práticas de promoção da saúde no Trabalho.

Os primeiros três artigos destacam os principais motivos para promover saúde no trabalho, as competências que podem e devem ser desenvolvidas para a inclusão de ações de promoção nas práticas voltadas à saúde do trabalhador e as estratégias para planejar um programa de promoção da Saúde no Trabalho. Neste artigo, serão discutidos os princípios e as possibilidades para avaliar programas de promoção da Saúde no Trabalho.

Como visto no terceiro artigo da série, seja para implementar um novo programa, seja para revisitar um programa já existente, o modelo de melhoria contínua pode ser utilizado. Este modelo, originado dos processos de gestão da qualidade, tem como elemento central o PDCA (Plan-Do-Check-Actou, em português, Planejar-Fazer-Avaliar-Melhorar).

O modelo de melhoria contínua foi utilizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para o desenvolvimento da publicação “Ambientes de trabalho saudáveis: um modelo para ação”. Como nenhum programa nasce perfeito, o ciclo PDCA é fundamental para garantir que a avaliação das ações planejadas e implementadas possa gerar correções que visem a programas cada vez mais efetivos.

DIFERENÇAS CONCEITUAIS
Para o promotor de saúde ou o gestor de um programa de promoção da Saúde no Trabalho, é fundamental compreender os conceitos, tipos e formas de utilização de indicadores para a avaliação dos programas. Para começar, é preciso saber diferenciar o que é “dado”, “informação” e “indicador”, que podem ser trabalhados tanto no nível individual quanto coletivo e organizacional.

Um exemplo didático no nível individual pode ser a medida da pressão arterial, que isoladamente é um “dado”. O acompanhamento ou o agrupamento desses dados ao longo do tempo podem trazer uma “informação”, que é o diagnóstico de hipertensão arterial. O estadiamento dessa pressão arterial classificada em categorias, a resposta do paciente/trabalhador às medidas de controle (medicamentosas ou não) e o seu acompanhamento ao longo do tempo são usados para identificar o sucesso do tratamento ou o risco de complicações como, por exemplo, um acidente vascular cerebral (derrame).

No nível organizacional ou coletivo, segue-se a mesma lógica de que um “dado” é uma medida isolada que, de maneira agrupada, pode trazer uma “informação”, que por sua vez precisa ser acompanhada e associada a um objetivo para tornar-se um “indicador”.

Outro exemplo: em um programa de prevenção da hipertensão arterial em uma organização com mil trabalhadores, o número de trabalhadores com pressão arterial acima de 140×90 mmHg é um dado inicial importante. Supondo que 10% dos trabalhadores estejam com níveis acima desse valor, é preciso trabalhar a informação sobre as condições desse grupo. Afinal, eles não sabem que são hipertensos? Ou são hipertensos que não estão devidamente controlados? Também é preciso avaliar se há algum caso de hipertensão em tratamento e sob controle nos demais 90%. Com essa informação, podem-se estabelecer os elegíveis para o programa específico, que naturalmente já teve as suas ações planejadas e implementadas na fase anterior à da avaliação.

Finalmente, é preciso estabelecer a meta do programa. Na hipótese de que a meta seja a redução de hipertensão arterial em 50% durante os seis primeiros meses do programa, a taxa de prevalência de hipertensão arterial entre os participantes acompanhada periodicamente (por exemplo, mensal) será o indicador usado para avaliar se o programa está cumprindo a meta ou se ajustes são necessários.

 

Fonte: Revista Proteção

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *