A rotina de ouvir os sons do ambiente, como o barulho do tráfego no deslocamento diário para o trabalho, possivelmente passa despercebida por você e tantos outros, mas pode fazer falta para muitos. A perda auditiva é realidade para uma parcela de brasileiros. Boa parte dos acometidos por algum grau de deficiência auditiva desenvolveu o problema devido à exposição ocupacional ao ruído.
O único meio de evitar danos ao ouvido do trabalhador, em atividades nas quais a eliminação total do ruído não é viável, é o controle do agente na fonte. Quando não for possível prover EPCs, a saída é buscar alternativas capazes de minimizar os efeitos das emissões até o limite permitido.

O uso de protetor auditivo se apresenta como um dos métodos mais comuns e práticos para reduzir o nível de exposição ao ruído de origem ocupacional, orienta Samir Gerges, doutor em Ruído e Vibrações, professor aposentado e ex-coordenador do Laboratório de Vibroacústica Industrial, Veicular e Aeronáutica da Universidade Federal de Santa Catarina. O protetor auditivo deve ser fornecido pela empresa ao trabalhador sempre que ele desempenhar atividades em local cujo ruído extrapole 85 dB(A) ou 87 dB(A), dependendo da duração da sua jornada de trabalho.

O nível de ruído permitido em decibéis varia conforme a carga horária. No Brasil, para uma jornada de oito horas, a exposição ao ruído contínuo ou intermitente deve ser de, no máximo, 85 dB(A) e, para seis horas, o limite é de 87 dB(A). Tais delimitações estão previstas no Anexo 1 da NR 15. “A partir do momento em que o colaborador está exposto acima do limite aceitável, é necessário realizar um controle do ruído no ambiente de trabalho”, pontua.

Vários são os tipos de protetores auditivos à venda atualmente, assim como há diversos fornecedores no mercado. Segundo Gerges, há em torno de mil marcas comerciais oferecendo soluções em proteção auditiva em nível internacional. “A oferta é grande, por isso é preciso ser exigente na hora da escolha”, ensina o especialista com mais de 40 anos de experiência na área de ruído e vibrações.

UTILIZAÇÃO
Como se supõe, não utilizar o protetor de ouvido ou utilizá-lo de maneira incorreta pode causar danos ao aparelho auditivo. Gerges esclarece que a exposição a níveis elevados de ruído por períodos prolongados sem a devida proteção pode levar à perda auditiva permanente, comprometendo a percepção de locução, sinais sonoros e demais sons ambientais.

Mauricio Álvares, gerente de grupo de produtos da MSA do Brasil, explica que a perda auditiva, na maioria dos casos, é indolor e gradual. “Ela geralmente se desenvolve ao longo de vários anos e este é o maior agravante do não uso de EPI. Os principais problemas ocasionados gradativamente são a dificuldade de compreensão da fala, zumbido, intolerância a sons intensos e queixas de cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas digestivos.” Associados a isso estão fatores como a escolha inadequada do modelo, a falta de manutenção periódica e o uso inapropriado do protetor auditivo, que resultam no comprometimento da capacidade auditiva.

Embora todo profissional que atue em local ruidoso deva ter sua audição monitorada e preservada com, pelo menos, o uso de EPI, existe um grupo de trabalhadores que causa bastante “desassossego” quando o tema é perda auditiva, segundo Álvares. São os funcionários da indústria pesada, como mineração, siderurgia, construção, e óleo e gás.

Fonte: Revista Proteção

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