Como a segurança no trabalho influencia na qualidade de vida e de que maneira se reflete na comunidade?

Os desafios e planos no caminho da segurança pública precisam passar por toda a estrutura social que está inserida. A segurança não é um aspecto isolado do nosso cotidiano, mas uma soma de setores que moldam o perfil da sociedade. Envolve a criança, o adolescente, o idoso, o policiamento nas ruas, as políticas públicas para assegurar a integridade do cidadão. A segurança no trabalho não poderia deixar de ter um peso fundamental neste cálculo, pois o trabalhador também tem a necessidade de estar em um ambiente que zela por sua integridade, por sua saúde emocional e física. Quando se desenvolvem processos de segurança que façam parte do dia a dia de quem trabalha, as pessoas acabam levando isso para dentro de casa, para a sua vivência. O cuidado com a segurança se torna parte da personalidade do indivíduo, e ele vai aplicar essa atenção em tudo o que fizer.

Que avanços vê em Joinville nesses quase 30 anos?

Quando cheguei aqui, as industrias ainda engatinhavam no que se tratava de segurança do empregado. Seguindo uma tendência global, as coisas começaram a mudar na década de 90. Houve uma série de atualizações nas normas de segurança no trabalho que transformaram a realidade. As empresas começaram a se adequar, voltar os olhos ao colaborador, pois entenderam que é muito mais saudável – e lucrativo – cuidar da integridade do seu funcionário do que gastar com indenizações. Hoje as pessoas podem contar com um leque muito maior de empresas acolhedoras e que realmente zelam por elas.

Como o trabalhador se encontra representado hoje?

O trabalhador tem um órgão público que luta por seus direitos, e isso é ótimo sob qualquer ótica. Mas ainda há demandas. Um dos déficits é a falta de investimentos dos empregadores, que não colocaram em suas cabeças que este é um processo fundamental em qualquer área de atuação. A falta de conhecimento dos beneficiados também é preocupante, pois muitas pessoas acabam ignorando os protocolos de segurança mesmo sob orientação das empresas. Também temos a falta de mão de obra qualificada, que não busca especialização e acaba não sabendo como se comportar em situações que coloquem sua integridade em risco.

Quais os próximos grandes passos na segurança do trabalhador?

Educação é a chave. Não se pode cobrar uma postura profissional que considere a segurança e a saúde do trabalhador se não houver um processo funcional de educação do cidadão. E quando falo em educação, falo em educar toda uma sociedade, e não apenas os empregados. Em Joinville, contamos com o Núcleo de Segurança do Trabalho da Acij, que também tem o cuidado de educar os empresários e executivos a pensarem da maneira correta, sabendo como fazer uma empresa segura. Precisamos de mais projetos assim, que respeitem nossa gente. O Ministério do Trabalho também precisa investir mais na atualização dos seus profissionais, aumentando a cobrança de prazos e instaurando medidas que funcionem de fato.

Fonte: Revista Proteção

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