O número de mortes no trabalho em Araraquara (SP) aumentou 50% em 2014 em comparação com os nove primeiros meses de 2013, de acordo com dados do Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (Cerest). Para evitar a situação, é preciso que sejam tomadas medidas de prevenção e fiscalização no ambiente. O número de fiscais para verificar as condições de trabalho nas empresas da cidade, no entanto, é insuficiente, de acordo com o diretor regional do Trabalho, Milton Bolini.
O pedreiro José Carlos Marques perdeu o melhor amigo em um acidente de trabalho há uma semana. Edvaldo Paulo de Jesus, de 42 anos, morreu depois que ficou prensado entre um caminhão e uma empilhadeira. “A máquina estava parada a uma distância de dois metros em relação a ele, que estava de costas. Um piloto saiu da empilhadeira e ela atingiu o Edvaldo pelas costas. Chegaram a socorrê-lo, mas ele morreu. Alguma coisa precisa ser feita para diminuir esses acidentes. É muito doloroso perder alguém como eu perdi”, disse o pedreiro.
O caso chama a atenção para o número de mortes no trabalho na cidade de Araraquara. Foram seis ocorrências no período de janeiro a agosto de 2013. No mesmo período de 2014 foram nove. Quatro pessoas dessas pessoas morreram indo ou voltando do trabalho enquanto os outros cinco registros ocorreram dentro das empresas ou em obras.
Fiscalização
A falta de informação e fiscalização em relação ao uso de equipamentos de segurança são os principais motivos. “A gente vê a tendência da empresa em culpar sempre o trabalhador, mas ela deveria dar treinamento para que esse tipo de acidente não ocorresse. Porém, isso é uma conduta que quase não identificamos quando estudamos acidentes de trabalho”, explicou a gerente substituta do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Joanita Camaz Benincasa.
Na última quarta-feira (22), somente oito fiscais verificavam as condições de trabalho na região de Araraquara, que abrange 19 cidades onde 280 mil pessoas trabalham com carteira assinada. Para fiscalizar todas, o gerente regional do Trabalho calcula que deveria ter à disposição pelo menos mais 12 funcionários. “Temos somente seis auditores fiscais de trabalho. Precisaríamos ter esse número próximo a 18. Os setores que mais registram mortes são o da construção civil e o metalúrgico. O trabalhador precisa de mais apoio”, explicou Milton Bolini.

Região
Em São Carlos, foram quatro mortes nos oito primeiros meses de 2013. O mesmo número foi registrado neste ano. Já em Rio Claro foram quatro mortes em 2014. O número do ano passado não foi informado.
Providências
Sobre o baixo número de fiscais em Araraquara, o Ministério do Trabalho informou que está levantando informações sobre a situação na cidade para decidir que providências poderão ser tomadas.

Fonte: G1 – São Carlos/Araraquara

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